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A febre do ouro: vale a pena investir?

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A melhor forma de investir em ouro, é através de fundos ETF.

Publicado em: 12 junho 2025
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A melhor forma de investir em ouro, é através de fundos ETF.

Será que investir em ouro ainda vale a pena? Conheça as vantagens, riscos, como funcionam os ETCs e o nosso conselho para um investimento seguro.

Valorização do ouro e desafios aos fatores tradicionais de suporte

O ouro valorizou 24% em seis meses e 48% num ano. É um resultado impressionante e invulgar, se analisarmos os fatores que, por norma, suportam ou impulsionam o seu preço. Desta vez, não são evidentes, ou diferem dos habituais.

O ouro é um valor de refúgio, procurado em situações de crise económica e insegurança geopolítica. Contudo, o clima de otimismo nos mercados é pouco condizente com esta visão do mundo. As principais bolsas mundiais têm vindo a atingir novos máximos históricos ao longo dos últimos meses, bem como a Bitcoin e outras criptomoedas.

A justificação também não se encontra na procura total dos bancos centrais. Segundo dados do World Gold Council, esta procura permaneceu estável no ano passado (1045 toneladas face a 1051 em 2023). O grande salto foi após a guerra da Ucrânia, em 2022, ano em que duplicou.

E a indústria? A explicação tampouco reside na joalharia, responsável por cerca de 40% da procura total. De acordo com o World Gold Council, o consumo caiu 11%, para 1877 toneladas. Sobram os investidores em geral, mas os motores de procura não estão à vista.

Por regra, a inflação corrói o poder de compra e é vista como incentivo para deter ouro. Todavia, depois dos máximos de 2022, a inflação voltou a estar controlada no Ocidente. Registam-se, igualmente, bons progressos em países com hiperinflação, como a Turquia e a Argentina.

Por outro lado, não há sinais de crise económica nas duas principais economias mundiais. Os Estados Unidos e a China estão em boa forma. Em 2024, o PIB cresceu quase 3% e 5%, respetivamente. Em termos de conflitos, há também melhorias. Conseguiu-se um cessar-fogo no Médio Oriente e há perspetivas do fim da guerra na Ucrânia.

Por fim, as taxas da dívida pública estão, atualmente, bem mais elevadas do que há uns anos, e assim deverão continuar. Neste momento, a dívida soberana dos EUA oferece cerca de 4,3% ao ano, o que é um forte desincentivo para deter ouro. A falta de todos estes catalisadores não travou, porém, a procura deste metal precioso para investimento.

Analisando a procura por investimento: quem está a comprar?

Segundo o World Gold Council, houve um aumento de 25%, em 2024 (1180 toneladas contra 946 em 2023). O crescimento não se refletiu, porém, nas categorias mais comuns.

Os ETF dedicados ao ouro deixaram de registar fluxos líquidos de saída em 2024, tendo o saldo anual sido apenas flat. Ou seja, no final do ano passado, detinham sensivelmente a mesma quantidade que no final de 2023 (3226, em 2023, contra 3219 toneladas em 2024).

Relativamente às "barras e moedas", a procura ao nível do retalho permaneceu estável. Em resumo, a única explicação reside noutras entidades, que acumularam bastante mais ouro em 2024 do que em 2023, e não nos bancos centrais ou nos particulares. 

"Desdolarização" 

Embora a procura se mantenha estável no segmento dos bancos centrais, é inquestionável que alguns voltaram a dar maior importância ao ouro. É o caso da Polónia, o país que mais ouro adquiriu em 2024 (21 toneladas).

As sanções à Rússia fizeram soar os alarmes e levaram, também, a uma estratégia de "desdolarização" de inúmeros países emergentes, que estão a diminuir a sua dependência do dólar.

Receiam que, em caso de conflito, os seus ativos financeiros no estrangeiro sejam congelados. O ouro constitui, por isso, uma ótima alternativa. Esta tendência de "desdolarização" deve prosseguir e beneficiar o seu valor.

Como investir em ouro?

Em 10 anos, o ouro rendeu 9,3% ao ano, e em duas décadas superou o mercado global de ações (10,3% vs. 9,9%), mas o nível de risco foi mais elevado. Apesar de ser uma mais-valia para qualquer carteira de investimento, não é um investimento seguro.

Não paga dividendos, nem juros e, ao contrário dos lucros das empresas, depende pouco do crescimento das economias. A evolução do ouro resulta muito mais da psicologia dos investidores, altamente instável, e das necessidades de alguns bancos centrais.

ETC

A forma mais simples e eficaz de investir em ouro é através de ETC (Exchange-Traded Commodities, em inglês). Estes produtos negociados em bolsa, semelhantes aos ETF, têm, na carteira, barras de ouro.

Por essa razão, não são diversificados, limitam-se a "copiar" a cotação do metal dourado. A oferta é vasta e as diferenças de desempenho dos produtos face à cotação do ouro são reduzidas.

Por exemplo, dispõe dos seguintes ETC:

Nos últimos 12 meses, valorizaram entre 49,2% e 49,5 por cento.

Verifique se estão disponíveis no seu banco ou corretora, e analise os custos de corretagem, pois variam de bolsa para bolsa. Pode apostar num ETC de ouro, mas não invista mais do que 5% do valor total da sua carteira.

Compra de barras de ouro

Conselho final: não compre peças de joalharia em ouro. A diferença entre os preços de compra e de venda é substancial.   

Se pretende calcular o valor de uma peça em ouro, consulte a nossa calculadora.

Para saber mais sobre a compra de ouro físico leia também Tudo o que precisa de saber sobre a compra de ouro para investimento.

 
 

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